AS SETE
CARTAS PARA AS IGREJAS.
A Cidade Éfeso localiza-se na Lídia, na Costa
Ocidental da Ásia Menor. Era um excelente porto, e era a porta de entrada da
província romana da Ásia. Éfeso era a capital da Ásia Menor, com uma população estimada em 225.000 no segundo
século a.C. Era a metrópole da idolatria. Ali estava o templo da deusa Diana
(Atos 19), que levou duzentos anos para ser construído; uma das Sete Maravilhas
do Mundo antigo. Esse templo foi
queimado pelos Godos em 262 d.C. A importância
dessa cidade exigiu do ministério do apóstolo Paulo três anos de pregação (52 d.C.)
para implantar uma igreja cristã. Diferente de outras cidades da Ásia Menor, de
Éfeso, atualmente restam somente ruínas.
Por mais de três anos Éfeso foi o centro do
trabalho de Paulo (Atos 19:1-41; 20:1, 16-38; I Cor. 16:8; Epístola aos
Efésios). Uma florescente igreja foi estabelecida ali, e dessa cidade o evangelho
espalhou-se por toda província da Ásia. A tradição indica que João, o discípulo
amado, tornou-se o líder dessa igreja, provavelmente após a dissolução da sede
cristã em
Jerusalém cerca de 68 d.C. No tempo em que João
escreveu o Apocalipse, a igreja de Éfeso já era um dos importantes centros do
cristianismo. A condição espiritual dessa igreja representa a condição
espiritual da Igreja Cristã durante o período apostólico. Esse período pode
ser, apropriadamente, chamado de a Era da Pureza Apostólica, um atributo
altamente desejável
Aos olhos de Deus,
mas de desejável passou a se desviar do caminho, esfriando seu primeiro amor pela couda do
Mestre.
1 Ao anjo da igreja em Éfeso escreve: Isto diz aquele que tem
na sua destra as sete estrelas, que anda no meio dos sete candeeiros de ouro:
Éfeso significa
“desejável” e representa muito bem a condição espiritual da igreja no período
de 31 a 100 d.C.
2 Conheço as tuas
obras, e o teu trabalho, e a tua perseverança; sei que não podes suportar os
maus, e que puseste à prova os que se dizem apóstolos e não o são, e os achaste
mentirosos; No final da era apostólica, já as primeiras heresias cristológicas
começaram a surgir:
• Os Ebionitas negavam a divindade de Jesus. O líder deles era
Cerinto (107 d.C.).
• Os Docetistas negavam a humanidade de Jesus. Eles ensinavam que
Jesus tinha somente a aparência humana, mas não era humano. Esse grupo
floresceu por volta do ano 70 até 170 d.C.
• Os Gnósticos negavam tanto a divindade como a
humanidade de Jesus. Negavam a realidade da
encarnação de Jesus, e promoviam a libertinagem.
João combate fortemente o gnosticismo que começava a florescer no seio do
cristianismo.
3 e tens perseverança e por amor do meu nome sofreste, e não
desfaleceste “Os membros da igreja estavam unidos em sentimento e ação. O
amor de Cristo era a corrente áurea que os vinculava entre si. Prosseguiam
conhecendo o Senhor sempre e sempre com maior perfeição, e revelavam em sua vida
alegria, conforto e paz. Visitavam as viúvas e os órfãos em suas tribulações e mantinham-se
incontaminados do mundo.”. IIITS -55-56
4 Tenho, porém, contra
ti que deixaste o teu primeiro amor. A Igreja Cristã no período de Éfeso sabia discernir
entre a verdade e o êrro, e tomou um
posição firme contra o erro.“Os membros da igreja estavam unidos em sentimento
e ação. O amor de Cristo era a
corrente áurea que os vinculava entre si. Prosseguiam conhecendo o Senhor sempre e sempre com maior perfeição, e revelavam em sua vida
alegria, conforto e
paz. Visitavam as viúvas e os órfãos em suas
tribulações e mantinham-se incontaminados do mundo.”IIITS55-56
“Deus escolheu nestes últimos dias um povo a quem
fez
depositário de Sua lei; e êste povo terá sempre desagradáveis
tarefas a executar. 'Eu sei as tuas obras, e o teu trabalho, e a tua paciência,
e que não podes sofrer os maus; e puseste à prova os que dizem ser apóstolos e
o não são, e tu os achaste mentirosos.
E sofreste, e tens paciência; e trabalhaste pelo
Meu nome, e não te cansaste.' (Apoc. 2:2-3). Exigirá muita diligência, e
contínua luta o manter o mal fora de nossas igrejas. É preciso haver rígido e
imparcial exercício de disciplina; pois, alguns que têm uma
aparência de religião procurarão minar a fé de outros
e, às ocultas, trabalharão para se exaltar a si mesmos.” IITS210 “Numa só
geração foi o evangelho levado a toda nação debaixo do céu. Pouco a pouco,
ocorreu, porém, uma mudança.A igreja perdeu seu primeiro amor. Ela tornou-se
egoísta da comodidade. Foi acalentado o
espírito de mundanismo 8T26
5 Lembra-te, pois,
donde caíste, e arrepende-te, e pratica as primeiras obras; e se não,
brevemente virei a ti, e removerei do seu lugar o teu candeeiro, se não te
arrependeres.
A igreja era defeituosa e
necessitava de severa reprovação e advertência; e João foi inspirado a registar
mensagens de advertência e reprovação e a apelar aos que, tendo perdido de
vista os princípios fundamentais do evangelho, estavam pondo em perigo sua
esperança de salvação.”AA586-587
6 Tens, porém, isto,
que aborreces as obras dos nicolaítas, as quais eu também aborreço. No dizer de Clemente de
Alexandria, os nicolaítas mantinham o princípio pernicioso de que as paixões
baixas devem ser permitidas. Viviam uma vida impura e imoral. Ellen
G. White pergunta: “É o nosso pecado o pecado dos
nicolaítas, transformando a graça de Deus em licensiosidade?” Essa doutrina tem
sido atualmente amplamente ensinada, de que o evangelho de Cristo tornou a lei
de Deus sem nenhum efeito; que por crermos em Cristo estamos livres da
necessidade de sermos praticantes da Palavra. Mas esta é a doutrina dos
nicolaítas, a qual Cristo fortemente condenou. Ellen G. White, Review
and Herald, 7 de Junho de 1887
7 Quem tem ouvidos,
ouça o que o Espírito diz às igrejas. Ao que vencer, dar-lhe-ei a comer da
árvore da vida, que está no paraíso de Deus. “O Jardim do Éden permaneceu sobre a Terra muito tempo depois que o
homem fora expulso de suas deleitáveis veredas
(Gen. 4:16). Foi permitido à raça decaída por
muito tempo contemplar o lar da inocência, estando a sua entrada vedada apenas
pelos anjos vigilantes. À porta do Paraíso, guardada pelos querubins,
revelava-se a glória divina. Para ali iam Adão e seus filhos a fim de adorarem
a Deus. Ali renovaram seus votos
de obediência àquela lei cuja transgressão os
havia banido do Éden. Quando a onda de iniquidade se propagou pelo mundo, e a
impiedade dos homens determinou sua destruição por meio de um dilúvio de água,
a mão que plantara o Éden o retirou da
Terra. Mas, na restauração final de todas as
coisas, quando houver 'um novo céu e uma nova Terra,' será restabelecido, mais gloriosamente
adornado do que no princípio.” PP56
É uma das mais lindas cidades da Ásia Menor. O
clima é
agradável e a vegetação abundante. Localiza-se a
52 km de Éfeso. O local onde Esmirna foi construída foi ecolhido porLisímaco,
um dos quatro generais e sucessores de Alexandre, o Grande. Politicamente,
Esmirna era uma cidade honrada, pois foi escolhida pelos romanos como sede em
todas as guerras civis, e tornara-se um grande centro de adoração a César.
Esmirna pediu permissão ao imperador Tibério para construir um templo em honra
a sua divindade ( c. 26 d.C.). A permissão foi
dada, e eles construiram o segundo templo ao imperador
na Ásia. A cidade já adorava Roma como um poder espiritual desde 195 a.C., e
tinha orgulho por liderar o culto a César.
Historicamente, o período de Esmirna representa a
história da Igreja Cristã que vai do ano 100 até 313 d.C., ano em que o
imperador Constantino decretou liberdade religiosa para todos, favorecendo
assim os cristãos (Edito de Milão 313 d.C.).
8 Ao anjo da igreja em
Esmirna escreve: Isto diz o primeiro e o último, que foi morto e reviveu: O nome Esmirna vem de uma goma aromática derivada
de uma árvore Árabe, Balsamodendron myrrha. Essa goma era usada para
embalsamar os mortos, e também como um ungüento ou pomada medicinal; esse
ungüento também era usado para ser queimado como incenso. Esmirna é sinônimo de
sofrimento; vem da palavra mirra. A igreja de Esmirna era composta por
pessoas economicamente pobres, porém ricas para com Deus. Sofreu contínuas
perseguições, mais do que qualquer outra igreja da Ásia. O mais famoso dos
mártires de Esmirna, foi Policarpo, um discípulo de João e bispo da igreja de
Esmirna, que serviu a Jesus por 86 anos. Ele foi queimado
vivo (c. 155 d.C.). A morte dele e de outros mártires produziu uma grande
colheita de almas para o reino de Deus nas décadas e séculos que se seguiram. A
comunidade cristã de Esmirna tornou-se um dos mais fortes centros do
cristianismo naquela região, e foi a última cidade da Ásia Menor a ser
conquistada
pelo islamismo. Até hoje Esmirna é chamada pelos
Turcos de a “Cidade Infiel.” 1 J. R. Dummelow, A Commentary on the Holy
Bible ( New York: The Macmillan Company, 1950), 1074.
9 Conheço a tua tribulação e a tua pobreza (mas tu és
rico), e a blasfêmia dos que dizem ser judeus, e não o são, porém são sinagoga
de Satanás.
10 Não temas o que hás
de padecer. Eis que o Diabo está para lançar alguns de vós na prisão, para que
sejais provados; e tereis uma tribulação de dez dias. Sê fiel até a morte, e
dar-te-ei a coroa da vida. Historicamente, o período representado por Esmirna pode ser,
apropriadamente, chamado de a Era dos Mártires. Intermitentes perseguições
imperiais caracterizaram esse período, até a emissão do Edito de Milão em 313: “Durante
o segundo e terceiro séculos os imperadores romanos procuraram apagar a igreja
mendiante perseguição. Eles temiam o cristianismo porque este estava penetrando
o pensamento popular. Consideravam-no como um rival. Certo número de
perseguições dez ao todo foram instigadas, mas a de
Deocleciano foi a pior. Esta durou dez anos, de
303 313 A.D., ou até a subida de Constantino ao trono.” Roy Allan Anderson, O Apocalipse
Revelado, 31-32
Por dez anos (303 -313) os cristãos foram caçados
nas cavernas e nas florestas. O misérrimo edito de Nicomédia em 23/02/303
provocou uma verdadeira chacina. Toda sorte de torturas foram empregadas.
Os cristãos foram queimados, lançados às feras, e
torturados. Nenhum cristão era afogado ou apunhalado senão depois de ter passado
pelas torturas mais atrozes. Este foi um esforço sistemático, resoluto e
determinado para abolir da face da Terra o nome cristão.SDBC763
11 Quem tem ouvidos,
ouça o que o Espírito diz às igrejas. O que vencer, de modo algum sofrerá o
dado da segunda morte.
“Satanás é a raiz, seus
filhos os ramos. Estão agora consumidos, raiz e ramos. Morreram morte eterna. Jamais
deverão ter ressurreição, e Deus terá um universo puro. Olhei então e vi o fogo
que tinha consumido os ímpios, queimando o resíduo e purificando a Terra. Olhei
de novo, e vi a Terra purificada. Não havia um único indício da maldição. A
superfície quebrada e desigual da Terra agora
parecia como uma planície nivelada e extensa. Todo o universo de Deus estava puro,
e o grande conflito para sempre finalizado.”PE295
Pérgamo estava situada num grande vale, e era uma
das cidades famosas da Ásia Menor. O palácio, os templos, os teatros, e outros
prédios públicos foram construídos no topo de uma alta colina, uma inexpugnável
acrópole, cerca de trezentos metros acima do vale. John
MacRay, Archaeology and the New Testament, 72-73.
Pérgamo tem um significado duplo. No plural,
“Pérgamos” é usado como sendo “cidadela,” ou “fortaleza,” mas, etmologicamente,
o vocábulo constitui-se da preposição per (que tem o significado de “por
entre'', “por intermédio”, “em nome de”) e gamos (pospositivo, do grego gamós
que significa “união”, “casamento”). Isto foi exatamente o que aconteceu no
período de Pérgamo, o casamento da Igreja Cristã com o mundo.² A era da
amalgamação. Quando o Cristianismo casouse com o mundo, deu origem à Grande
Babilônia, a “cidadela” do Vaticano. O período de Pérgamo, 313 538 d.C. começou
com o imperador Constantino abraçando a causa da igreja, e
decretando tolerância religiosa para com todos os
cristãos. Esse é o período conhecido como a era da “institucionalização da igreja
e do clero;” a igreja se estabeleceu não sobre a Rocha Eterna, Jesus, contra
Quem as portas do inferno não prevaleceriam, mas antes, sob o favor e proteção
do estado. As igrejas cristãs, até então, não tinham templos, estes
começaram a ser construídos, especialmente nos
locais
sagrados, no reinado de Constantino, o primeiro
imperador romano a adotar o cristianismo como religião oficial.
12 Ao anjo da igreja em Pérgamo escreve: Isto diz aquele que
tem a espada aguda de dois gumes: A igreja de Pérgamo era
bem diferente da igreja de Esmirna.Enquanto na carta anterior de Esmirna não
existemrepreensões, a igreja de Pérgamo apresenta muitas.
13 Sei onde habitas, que é onde está o trono de Satanás; mas
reténs o meu nome e não negaste a minha fé, mesmo nos dias de Antipas, minha
fiel testemunha, o qual foi morto entre vós, onde Satanás habita. Ali estava o próprio
“trono de Satanás,” o quartel general dos balaamitas e dos nicolaítas, dentro
da igreja. A Igreja Cristã de Pérgamo, embora também tenha presenciado o
martírio de Antipas, era ao mesmo tempo tolerante com o erro.
Trono de
Satanás, é uma expressão que tem aplicação dupla, aplica-se à igreja
que se tornou a fortaleza dos balaamitas e nicolaítas, e aplica-se também à
cidade que era a capital mundial do culto ao deus sol. Ali estava o centro do
mistério das religiões orientais transferido, no começo do Império Medo-Persa,
da Mesopotâmia, Babilônia, para Pérgamo, que possuía muitos templos
pagãos,(7SDBC 749) inclusive o templo de Esculápio, onde a própria Serpente,
nome bíblico de Satanás, era adorada. Átalo III não somente transferiu seu
poder civil à Roma, mas também todo o sistema religioso babilônico. O centro do
culto a Satanás, iniciado na antiga Babilônia, foi transferido para Pérgamo, e
posteriormente para Roma. “Em 487 a.C. os babilônios vencidos fugiram para a
Ásia Menor, e fixaram seu colégio central em Pérgamo, para onde levaram o
paládio de Babilônia. Ali independentes do controle estatal, eles conservaram
os ritos de sua religião, e tramaram contra a paz do Império Persa, instigando
os gregos neste sentido.” Edwin R. Thiele: Esboços de Estudos, Vol1, 50
Visto que o período representado por Pérgamo foi o do desenvolvimento
do papado (313 a 538 d.C.), pode-se entender a expressão “trono de Satanás”
como sendo principalmente uma referência ao centro da adoração papal: Roma. Historicamente,
a igreja de Pérgamo representa o período do cristianismo de 313 a 538 d.C.,
período em que a Igreja Cristã deixou de ser perseguida e tornou-se a igreja
imperial, esta é conhecida como a Era da Popularidade, e do compromisso. Aquilo
que Satanás não conseguiu com a perseguição no período de Esmirna, ele
conseguiu, com muito sucesso, com a “exaltação” do cristianismo, tirando os
cristãos das catacumbas e elevando-os à posição de Igreja do Estado, a menina
dos olhos do imperador Constantino, cuja conversão foi, oficialmente anunciada,
em 323 d.C.. “Quase imperceptivelmente os costumes do paganismo tiveram
ingresso na Igreja Cristã. O espírito de transigência e conformidade fora
restringido durante algum tempo pelas terríveis perseguições que a igreja suportou
sob o paganismo. Mas, em cessando a perseguição e entrando o cristianismo nas cortes
e palácios dos reis, pôs ela de lado a humilde simplicidade de Cristo e Seus
apóstolos, em troca da pompa e orgulho dos sacerdotes e governadores pagãos; e
em lugar das ordenanças de Deus colocou teorias e tradições humanas. A
conversão nominal de Constantino, na primeira parte do século quarto, causou
grande regozijo; e o mundo, sob o manto de justiça aparente, introduziu-se na
Igreja.”GC 47-48
Quando Constantino assumiu o poder de Roma (311 d.C.), o
Império Romano encontrava-se em estado avançado de desintegração. Bárbaros do
norte importunavam e enfraqueciam o império. O exército estava desorganizado; a
economia encontrava-se em estado precário.
14 entretanto, algumas coisas tenho contra ti; porque tens aí
os que seguem a doutrina de Balaão, o qual ensinava Balaque a lançar tropeços
diante dos filhos de Israel, introduzindo-os a comerem das coisas sacrificadas
a ídolos e a se prostituírem. A mesma classe herética que apareceu em Éfeso, é também
mencionada em Pérgamo, porém, com uma diferença, em Éfeso os pastores e
líderes, como um corpo, permaneceram firmes contra os falsos ensinadores, mas
em Pérgamo, os pastores toleraram os balaamitas (Balaão significa “destruição do
povo”) e os nicolaítas (Nicolau significa
“governar o povo)”. A doutrina balaamita patrocinou o
casamento da igreja com o mundo, fazendo com que a igreja se prostituisse e
comesse dos sacrifícios da idolatria (Apoc. 2:14), tal como Balaão fez com o povo
de Israel. A doutrina nicolaíta instituiu as cerimônias e pompa pagãs e judaicas
na igreja, misturando-as com os ritos cristãos.
15 Assim tens também alguns que de igual modo seguem a
doutrina dos nicolaítas. O sistema sacerdotal do Antigo Testamento, válido e aprovado
por Deus na Velha Aliança, com base no santuário terrestre, tornouse uma arma
poderosa de Satanás para corromper a igreja na Nova Aliança, cujo base é o
Santuário do Céu. Contrariando a Palavra de Deus que afirma que na Nova
Aliança, não existe um sistema sacerdotal terrestre, mas unicamente o
sacerdócio de Jesus no Santuário do Céu (I Tim. 2:5; Heb. 4:14-16; 8:1-2, 13; 9:11-12),
a doutrina nicolaíta instituiu o clero e a sucessão apostólica; uma mistura de
paganismo e judaísmo. Os judaizantes de Apoc. 2:9 e os nicolaítas tinham o
mesmo objetivo: implantar um sistema sacerdotal terrestre; destruir o conceito
do sacerdócio único e superior de Jesus no Santuário do Céu. Estes são chamados
por Deus de “a sinagoga de Satanás” (Apoc. 2:9).
16 Arrepende-te, pois; ou se não, virei a ti em breve, e
contra eles batalharei com a espada da minha boca.
17 Quem tem ouvidos,
ouça o que o Espírito diz às igrejas. Ao que vencer darei do maná escondido, e
lhe darei uma pedra branca, e na pedra um novo nome escrito, o qual ninguém conhece senão aquele que o recebe. A pedra
branca também era usada na
antiguidade para se obter hospitalidade, assim como hoje nós usamos cartões de crédito.
Tornou-se um costume bem estabelecido entre os gregos e romanos, prover os hóspedes
com alguma marca especial, transmitida de pai para filho, a qual assegurava
hospitalidade e bom tratamento sempre que
apresentada. Essa marca era geralmente uma pequena pedra branca cortada ao meio.
Sobre cada uma das metades o hóspede e o anfitrião mutuamente escreviam os
nomes, intercambiando-as a seguir.
Esta pequena pedra branca era suficiente para
garantir amizade para ele e seus descendentes quando quer que viajassem pelo mesmo
roteiro. É evidente que tais pedras eram conservadas cuidadosamente. Quão
natural, pois, é esta alusão ao antigo costume: “Dar-lhe-ei do maná escondido,”
e tendo feito isso, tendo-o tornado participante de minha hospitalidade,
tendo-o
reconhecido como meu hóspede e meu amigo,
presenteá-lo-ei com “uma pedra branca e sobre essa pedra escrito um novo
nome, o qual ninguém conhece, exceto aquele que o recebe.”
Na Bíblia o nome de uma pessoa reflete o seu caráter, e um
novo nome indica, um novo caráter, semelhante ao caráter de Jesus.
O maná foi o alimento dado ao povo de Israel no
deserto; o salmista chama o maná de o pão dos anjos” (Salmos 78:25). O
maná escondido é provavelmente uma referência ao maná posto num vaso de ouro
e conservado na Arca do Concerto (Heb. 9:4). Aos
vencedores não é prometido, meramente, uma nova queda de maná, mas sim, que
eles comerão do maná que está no vaso de ouro oculto debaixo do Shequiná,
isto é, diretamente da presença de Deus. O maná é um tipo de Jesus; o maná é
sempre uma referência direta a Jesus. “O maná, caindo do céu para o sustento de
Israel, era um símbolo de Jesus que veio de Deus para
dar vida ao mundo. Disse Jesus, 'Eu sou o Pão da
vida.” Ellen G. White, Testimonies
for the Church, vol. 6, 132
A cidade Tiatira era uma cidade na Lídia, perto
das fronteiras da Mísia, 42 km a sudeste de Pérgamo. Tiatira não tem uma história
bem conhecida; raramente ela é mencionada pelos escritores antigos. “A história
de Tiatira é um espaço em
branco.” W. M. Ramsay, Lição da
Escola Sabatina, 2o trimestre, 1974, 21.Era
considerada uma cidade santa, centro da adoração ao deus sol, Tirinos,
geralmente representado como um deus metade homem e metade cavalo. Por volta do
século III a.C. a
cidade entrou em decadência, e foi fundada
novamente por Seleuco Nicator e colonizada pelos gregos (305-281 a.C.)Daquele
tempo em diante Tiatira permaneceu sendo uma das menores cidades gregas. Embora
tenha se tornado o centro comercial do Vale Lycus, ela nunca se tornou uma
metrópole como Éfeso, Esmirna ou Pérgamo. Seventh Day
Adventist Bible Commentary, vol. 7, 96. Tiatira destacou-se pelas corporações comerciais,
entre elas, a corporação dos tingidores
de púrpura. O que distinguiu os habitantes de
Tiatira foi a arte em tingir púrpura. Lídia, que foi convertida pelo apóstolo Paulo,
era vendedora de púrpura de Tiatira ( Atos 16:14).
18 Ao anjo da igreja em Tiatira escreve: Isto diz o Filho de
Deus, que tem os olhos como chama de fogo, e os pés semelhantes a latão
reluzente:
Tiatira
significa “Sacrifício de Contrição.” A profecia introduz clara e objetivamente
a fase da Supremacia Papal.
19 Conheço as tuas obras, e o teu amor, e a tua fé, e o teu
serviço, e a tua perseverança, e sei que as tuas últimas obras são mais
numerosas que as primeiras.
Tiatira experimentou, por um lado, muito
escuridão, muita apostasia; mas, por outro lado, também vivenciou muita luz, e embora
alí se tenham registrado alguns dos fatos mais infames já executados em nome da
religião, também se presenciaram alguns dos maiores feitos de homens cheios do
amor e do Espírito de Deus. Foram os dias dos Cavaleiros do Templo, dos monges
mendicantes e de Hildebrando (mais tarde Gregório VII), mas foram também os
dias dos Valdenses e dos Albigenses, de Wycliffe e Huss, Jerônimo e Lutero.
Nunca houve tanto para ser louvado; nunca tanto para ser condenado. Deus viu o
serviço de amor e o paciente sofrimento dos Seus filhos nesse período e
expressou a Tiatira palavras de louvor e elogio, detacando-a como a única
igreja em que Jesus observou progresso nas obras dos crentes.
20 Mas tenho contra ti que toleras a mulher Jezabel, que se diz
profetisa; ela ensina e seduz os meus servos a se prostituírem e a comerem das
coisas sacrificadas a ídolos; Os símbolos aqui não poderiam ser mais apropriados. Quem era Jezabel? Literalmente,
Jezabel era “filha de Etbaal, rei dos Sidônios” (I Reis 16:31), e
sumo sacerdote de Baal. Acabe, rei de Israel, era fraco em capacidade e em
moral, e sua união por casamento com uma mulher idólatra resultou em desastre
para o
povo de Israel. Jezabel,
portanto, veio da casa de Baal para a casa de Deus. Pagã de coração, tornou-se
rainha do povo de Israel. Como rainha fez todos os esforços para seduzir os
adoradores de Deus e estabelecer o culto a Baal. Em toda a história não há
outro caráter que represente tão cabalmente o sistema papal, seu caráter, obras
e culto, como a impura mulher de Acabe, Jezabel. Jezabel era uma pagã casada com
um judeu. E tal é o caráter do sistema papal nos seus
principais elementos:
1. paganismo unido a um
Judaísmo obsoleto;
2. Jezabel é descrita como
mulher que se diz profetiza e como
encarregada de ser mestre dos servos de Deus;
3. o papado professa e
pretende ser o único mestre infalível do céu a ensinar a verdade de Deus;
4. Jezabel é descrita como
tendo um conjunto de obras enfaticamente chamado “suas obras” para distinguir
de outras que são chamadas “obras de Cristo”;
5. o papado é um sistema de
obras, uma religião de cerimônias, penitências, jejuns, missas, rezas,
vigílias, abnegações, macerações do corpo, purgatório, superprivilégios e
santidade meritória dos santos, pelas quais ela se propõe salvar os seus
devotos;
6. Jezabel era uma adúltera;
7. o papado, acima de tudo,
tem-se caracterizado por sua relações com os reis e potestades da terra,
fazendo o lhes agrada para conservá-los
sob sua direção e ensinar o povo de Deus a submeter-se e aceitar as formalidades
mundanas como meios de se obter a vitória cristã;
8. Jezabel foi uma
perseguidora e matadora dos profetas e das testemunhas de Deus;
9. E o que mais distingue o
papado é a severidade mostrada contra aqueles que se levantaram contra suas ímpias
pretensões. O que mais distingue o papado são as torturas públicas e secretas,
e matança dos santos que queriam seguir a Bíblia. J. A. Seiss, The Apocalypse, vol. 1, 194,
195.
É importante lembrar que a igreja mencionada na carta de
Tiatira ainda é a Igreja de Deus, porém, não Jezabel, ela não é de Deus. A
importância dos 1260 anos de perseguição aos “santos do Altíssimo” (Dan. 7:25;
Apoc. 12:6) sugere que o ano 1798 poderia ser muito bem escolhido como sendo o
final do períodode Tiatira, mas, em vista da importância da ReformaProtestante
em quebrar o domínio papal, a data 1517 seria mais própria para situar o final
do período de Tiatira. W. M. Ramsay, Lição da Escola Sabatina, 2o trimestre,
1974, 21.
21 e dei-lhe tempo para que se arrependesse; e ela não quer
arrepender-se da sua prostituição.
22 Eis que a lanço num leito de dores, e numa grande
tribulação os que cometem adultério com ela, se não se arrependerem das obras
dela;
23 e ferirei de morte a seus filhos, e todas as igrejas
saberão que eu sou aquele que esquadrinha os rins e os corações; e darei a cada
um de vós segundo as suas obras.
24 Digo-vos, porém, a
vós os demais que estão em Tiatira, a todos quantos não têm esta doutrina, e
não conhecem as chamadas profundezas de Satanás, que outra carga vos não porei; “Em terras que ficavam além da jurisdição de Roma,
existiram por muitos séculos corporações de cristãos que permaneceram quase
inteiramente livres da corrupção papal. Estavam rodeados de pagãos e, no
transcorrer dos séculos,
foram afetados por seus erros; mas continuaram a
considerar a Escritura Sagrada como a única regra de fé, aceitando muitas de suas
verdades. Estes cristãos acreditavam na perpetuidade da Lei de Deus e
observavam o sábado do quarto mandamento. Igrejas que se mantinham nesta fé e
prática, existiram na África Central e entre os Armênios, na Ásia.” Ellen G. White, O Grande Conflito, 61.
25 mas o que tendes, retende-o até que eu venha.
26 Ao que vencer, e ao que guardar as minhas obras até o fim,
eu lhe darei autoridade sobre as nações,
27 e com vara de ferro as regerá, quebrando-as do modo como
são quebrados os vasos do oleiro, assim como eu recebi autoridade de meu Pai;
28 também lhe darei a estrela da manhã.
A promessa final
é que todos os santos receberão a “estrela
da manhã,” esse
é o próprio Jesus: “Eu,
Jesus, enviei o meu anjo para vos testificar estas coisas nas igrejas: Eu sou a
raiz e a geração de Davi, a resplandecente estrela da manhã” (Apoc. 22:16).
29 Quem tem ouvidos, ouça o que o
Espírito dia às igrejas.
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