quarta-feira, 30 de novembro de 2016

CAPÍTULO 3

SARDES



Localiza-se cerca de oitenta quilômetros ao oriente de Esmirna e se apresenta como uma das mais antigas cidades da Ásia Menor. A maior vantagem de Sardes era ser o centro de junção de cinco diferentes estradas. Sardes havia sido a antiga capital do reino da Lídia, e por volta do ano 560 a.C., Creso, cujo nome tornou-se provérbio de riqueza, veio a ser o seu rei. Era um lugar de grande beleza, cercado de uma região muito fértil. Construída aos pés do monte Tmolo, à margem oriental do rio Pactolo. A cidade, quando foi construída, estava toda protegida dentro de fortes muralhas na acrópole, sobre uma montanha de 150 pés de altura. Uma fortaleza quase inexpugnável, exceto em um ponto ao sul. A cidade de Sardes nos dias de João ainda estava em processo de reconstrução, após ter sido destruída por um terremoto no ano 17 d.C. Quando João escreveu essa carta, Sardes parecia ser uma cidade cuja glória passara.
1 Ao anjo da igreja em Sardes escreve: Isto diz aquele que tem os sete espíritos de Deus, e as estrelas: Conheço as tuas obras; tens nome de que vives, e estás morto. Sardes significa “Cântico de alegria.” A igreja de Sardes representa a história do cristianismo no período de transição entre a verdadeira reforma e o protestantismo.
Tens nome de que vives, e está morto - a hipocrisia foi uma característica marcante nesta igreja. A igreja neste período tinha um bom nome e uma boa reputação. O nome “protestante” indicava oposição aos abusos, aos erros e ao formalismo da Igreja Católica Apostólica Romana; indicava que nenhum desses erros seriam encontrados entre os protestantes, porém, isso foi verdade somente entre os arautos da Reforma, e perdurou enquanto Lutero ainda vivia.
2 Sê vigilante, e confirma o restante, que estava para morrer; porque não tenho achado as tuas obras perfeitas diante do meu Deus.
“Quando quer que a igreja tenha obtido o poder secular, empregou-o ela para punir a discordância às suas doutrinas. As igrejas protestantes que seguiram os passos de Roma, formando aliança com os poderes do mundo, têm manifestado desejo semelhante de restringir a liberdade de consciência. Dá-se um
exemplo disto na prolongada perseguição aos dissidentes, feita pela Igreja Anglicana. Durante os séculos dezesseis e dezessete, milhares de ministros não-conformistas foram obrigados a deixar as igrejas, e muitos, tanto pastores como o povo em geral,
foram submetidos a multa, prisão, tortura e martírio.” Ellen G. White, O Grande Conflito, 443
Lutero denunciou Zuinglio como um herege, e os Calvinistas não queriam saber dos Luteranos. O primeiro credo protestante foi a Confissão de Augsburg, 1530. Essa data é importante porque dessa data em diante os protestantes começaram a perder de vista a Palavra de Deus e o Espírito Santo como guias. Eles se organizaram em seitas, criaram seus regulamentos, credos e disciplina. Foi assim que Calvino, em Gênova, consentiu com a morte de Servetus por causa de
diferenças religiosas, Servetus foi queimado. Na Inglaterra, os protestantes anglicanos empreenderam a mais cruel guerra não somente contra os católicos, mas também contra todos os protestantes que se recusavam a se conformar com a igreja estabelecida. Os protestantes colocaram seus exércitos no campo e lutaram pelos seus credos, como aconteceu na Guerra
dos Trinta Anos (1618 1648) que começou com a revolta
Boêmia contra a Igreja de Roma, e o longo período de guerra dos Huguenotes na França, só que desta vez contra seus próprios irmãos. O estudo da história da Reforma mostra que o protestantismo, a partir de 1530, introduziu um outro período de apostasia, ou melhor, uma outra forma de apostasia. Em menos de cem anos, o luteranismo, com o qual a Reforma
alcançara o seu clímax, cristalizou-se num formalístico e dogmático movimento protestante. O historiador D'Aubigne considera que o fim da verdadeira Reforma foi o “decisivo período de 1530 e 1531,” e que a partir dessa data, começou então uma outro capítulo, a história do protestantismo. F.G. Smith, What the Bible Teaches, 293.
O grande sistema protestante que sucedeu o romanismo, tomou o seu lugar no mundo moderno, assim como foi descrito na profecia. As duas primeiras nações na Europa a se levantarem contra o papado foram a Alemanha e a Inglaterra. Estas duas  nações têm sido consideradas como sendo a plataforma do
protestantismo. O protestantismo ganhou sua posição e
influência no mundo moderno especialmente através do poder político. Este fato não pode se negado, pois foi assim no passado na Alemanha e Inglaterra, e assim será no futuro quando a profecia do protestantismo apostatado de Apoc. 13:11-18 cumprir-se através da união da Igreja e do Estado nos Estados Unidos da América do Norte. Ramos Samuel, Revelações do Apocalipse, 137.
3 Lembra-te, portanto, do que tens recebido e ouvido, e guarda-o, e arrepende-te. Pois se não vigiares, virei como um ladrão, e não saberás a que hora sobre ti virei. Aqui encontramos cinco conselhos de Jesus à igreja de Sardes. “Sê vigilante,” esse conselho tem muito a ver com a cidade de Sardes. Quando Ciro, o persa, cercou a cidade de Sardes, ele não podia avançar até que a fortaleza fosse tomada. Sardes era uma fortaleza quase inexpugnável. Assim, o general persa declarou que qualquer homem que descobrisse um meio de invadir a fortaleza e dominá-la, receberia elevada recompensa. No exército persa havia um soldado chamado Heroeades. Esse soldado certo dia, observava a escarpa e o parapeito acima, local vigiado por um soldado lídio. Ao estar assim observando, o soldado lídio deixou cair, acidentalmente, o seu elmo, que despencou do alto do parapeito até quase a base do penhasco. O soldado lídio galgou o parapeito e tomou vagarosamente o caminho que se dirigia à base do penhasco para recuperar o seu elmo, voltando depois ao seu posto de sentinela. O soldado persa que o observava gravou cuidadosamente na memória todos os lances do roteiro do
soldado lídio, e, à noite, com um seleto grupo de companheiros, escalou o penhasco até o alto. Estava absolutamente desprovido de guarda, e, assim Sardes caiu nas mãos dos persas. Pela segunda vez Sardes, nos dias de Achneus, em circunstâncias semelhantes caiu nas mãos do inimigo, desta vez Antíoco, o  Grande. Um dos problemas de Sardes era a falta de vigilância. Essas eram histórias conhecidas nos dias do profeta João, e Jesus faz uso delas para dizer aos cristãos de Sardes: “Lembrem-se da história de vocês;” a ênfase de nosso Senhor é: Sejam
vigilantes... e se não vigiarem, virei como ladrão Ray Summers, Worthy Is the Lamb, 121.
4 Mas também tens em Sardes algumas pessoas que não contaminaram as suas vestes e comigo andarão vestidas de branco, porquanto são dignas.
Nunca houve um período tão escuro em que Deus não tivesse Suas estrelas. No período de Sardes, Deus tinha “alguns que não contaminaram seus vestidos” (Apoc. 3:4): os reformadores Martinho Lutero, Ulrich Zwinglio, João Calvino, o puritano João Bunyan, os pietistas Philipp Spenner, August Hermann Francke, e o Conde Zinzendorf, e os metodistas João Wesley e Whitefield.
5 O que vencer será assim vestido de vestes brancas, e de maneira nenhuma riscarei o seu nome do livro da vida; antes confessarei o seu nome diante de meu Pai e diante dos seus anjos.
6 Quem tem ouvidos, ouça o que o espírito diz às igrejas.
FILADÉLFIA
O cristianismo parece ter sido introduzido em Filadélfia na era apostólica pelo fato de uma das cartas de João ser endereçada à igreja dessa cidade. A profetiza “Ammia” celebrizou-se ali entre os anos 100 e 160 d.C. Em tempos posteriores Filadélfia tornou-se sede de um bispo e no século XIII era o centro cristão da Lídia, sendo a residência de um arcebispo. Caiu em poder dos turcos no ano 1390, e depois foi conquistada por Tamerlão, em 1402. Este soberano construiu um muro com os cadáveres das vítimas da tomada de Filadélfia. Isso não arrefeceu a firmeza dos cristãos e sua determinação de permanecer leais a sua religião. Mesmo depois que os turcos se apoderaram do país, e o cristianismo na Ásia Menor foi perecendo lentamente, Filadélfia continuou sendo uma cidade cristã, como Esmirna. Constitui notável característica que as duas cidades, Esmirna e Filadélfia, que retiveram seu caráter e população cristã por mais tempo que as outras cidades da Ásia Menor, são as cidades cujas igrejas foram tão puras e irrepreensíveis no tempo do apóstolo João, que as cartas escritas para elas são as únicas que não contêm palavras de repreensão.  Ramos, Samuel, eveleções do Apocalipse, 148.
7 Ao anjo da igreja em Filadélfia escreve: Isto diz o que é santo, o que é verdadeiro, o que tem a chave de Davi; o que abre, e ninguém fecha; e fecha, e ninguém abre: Interpretação primária: Esta porta está relacionada com o Santuário,  veja as declarações abaixo: “A porta que Jesus abre para a igreja de Filadélfia tem sido basicamente interpretada . . . como a oportunidade para pregar o evangelho (1 Cor. 16:9; 2 Cor. 2:12; Col. 4:3)” mas “o contexto da carta não é o trabalho missionário, e sim a recomendação para manter a constância e paciência que a igreja teve no passado (Apoc. 3:10-11). O principal propósito destas mensagens é ajudar a igreja a passar através do teste final e juízo (v. 10). Além disso, em contraste com a porta evangélica que cada ser humano pode fechar (Apoc. 3:20; Mateus 23:13; Lucas 11:52), esta porta que Jesus abre não pode ser fechada.” Alberto R. Treiyer, The Day of Atonement and the Heavenly Judgment, 507
“Cristo abrira a porta, ou o ministério, do lugar Santíssimo; resplandecia a luz por aquela porta aberta do Santuário Celestial, e demonstrou-se estar o quarto mandamento incluído na lei que ali se acha encerrada; o que Deus estabeleceu ninguém pode derribar.” Ellen G. White, O Grande Conflito, 435.
8 Conheço as tuas obras (eis que tenho posto diante de ti uma porta aberta, que ninguém pode fechar), que tens pouca força, entretanto guardaste a minha palavra e não negaste o meu nome. Interpretação secundária: A porta do evangelho-O final do século XVIII deveria testemunhar a inauguração de um dos mais poderosos movimentos que o mundo já viu: o esforço dos poderes da cristandade em enviar mensageiros para a evangelização do mundo e para dar a Palavra de Deus a todos os povos que se achavam em escuridão.
9 Eis que farei aos da sinagoga de Satanás, aos que se dizem judeus, e não o são, mas mentem, eis que farei que venham, e adorem prostrados aos teus pés, e saibam que eu te amo .  Ellen White afirma que este versículo se refere  aos primeiros adventistas que acaíram depois da decepção de 1844. 1    Ellen G. White, A Word to the Little Flock, 12
10 Porquanto guardaste a palavra da minha perseverança, também eu te guardarei da hora da provação que há de vir sobre o mundo inteiro, para pôr à prova os que habitam sobre a terra.
11 Venho sem demora; guarda o que tens, para que ninguém tome a tua coroa. “O trono e a coroa são os penhores de uma condição atingida; são os testemunhos da vitória sobre o próprio eu por meio denosso Senhor Jesus Cristo.” DTN408 EGWhite
12 A quem vencer, eu o farei coluna no templo do meu Deus, donde jamais sairá; e escreverei sobre ele o nome do meu Deus, e o nome da cidade do meu Deus, a nova Jerusalém, que desce do céu, da parte do meu Deus, e também o meu novo nome.
13 Quem tem ouvidos, ouça o que o Espírito diz às igrejas.
LAODICÉIA

A cidade de Laodicéia fica cerca de 65 km a sudoeste de Filadélfia e uns quatrocentos e cinqüenta quilômetros de Éfeso. Laodicéia foi fundada por Antíoco II da casa real dos reis conhecidos como selêucidas. A cidade recebeu o nome de Laodicéia em honra à esposa de Antíoco II, que se chamava
Laodice. Era uma cidade notavelmente rica. Era o centro de um sistema de bancos da Ásia Menor. Os laodiceanos eram pessoas que depositavam sua confiança na prosperidade material, na ostentação e na saúde física. Era uma cidade circundada por fazendas, e no vale havia valiosa produção de lãs, de textura
macia, de colorido negro, mas matizado, por assim dizer, com violeta. Vestes pretas eram quase que exclusivamente usadas pelos laodiceanos como evidência de sua riqueza. Laodicéia também se destacava com importantes recursos de saúde; ostentava notáveis fontes térmicas e banhos de lodo; as águas minerais possuíam propriedades medicinais que atraíam muitos visitantes e doentes da Europa e Ásia. Estas águas, próprias para o banho, eram imprestáveis como bebida. Fontes térmicas em Hierápolis precipitavam-se por um despenhadeiro no outro lado de Laodicéia, e a água tornava-se morna no caminho.
Uma importante escola de medicina situava-se no templo de Caru, dedicado a Esculápio, o deus grego da medicina. Relacionada com a escola de medicina havia uma indústria para fabricação de um colírio medicinal especial, que era feito da famosa pedra frígia.
Em virtude de sua riqueza, os cidadãos eram orgulhosos, arrogantes e satisfeitos consigo mesmos. RAMOS163
14 Ao anjo da igreja em Laodicéia escreve: Isto diz o Amém, a testemunha fiel e verdadeira, o princípio da criação de Deus:
15 Conheço as tuas obras, que nem és frio nem quente; oxalá foras frio ou quente!
16 Assim, porque és morno, e não és quente nem frio, vomitar-te-ei da minha boca. Essa linguagem era muito familiar aos cristãos laodiceanos.Fontes térmicas em Hierápolis precipitavam-se por umdespenhadeiro, em forma de cascata, no outro lado de Laodicéia. Bem quentes quando fluíam de Hierápolis, essas  águas tornavam-se menos aquecidas ao atravessarem o vale de Lycus antes de atingirem a cidade de Laodicéia, cerca de 10 km de distância e, ao chegarem às vizinhanças da cidade, já se apresentavam mornas. Essas águas, embora excelentes para os banhos medicinais, eram impróprias para serem bebidas. A fonte de água de Laodicéia não era de água quente ou fria, mas morna. A torre de água da cidade era abastecida com águamorna. Sendo assim, a água morna era um fenômeno familiar os laodiceanos, e representava também a condição espiritual deles. Essa mensagem aplica-se especificamente aos cristãos que vivem sobre a terra exatamente no período do juízo préadvento, de 1844 até a volta de Jesus. A condição de mornidão espiritual é pior que a condição fria dos incrédulos, ou dos ateus. O cristianismo morno conserva muito da sua forma, e mesmo muito do seu conteúdo, porém nada do seu poder. Os cristãos laodiceanos da atualidade estão contentes com suas realizações e orgulhosos dos pequenos progressos que a igreja tem feito. É quase impossível convencê-los da pobreza espiritiual em que se encontram. RAMOS, 169
17 Porquanto dizes: Rico sou, e estou enriquecido, e de nada tenho falta; e não sabes que és um coitado, e miserável, e pobre, e cego, e nu;
18 aconselho-te que de mim compres ouro refinado no fogo, para que te enriqueças; e vestes brancas, para que te vistas, e não seja manifesta a vergonha da tua nudez; e colírio, a fim de ungires os teus olhos, para que vejas.
1. O ouro provado no fogo - “O ouro provado no fogo é a fé que opera por amor. Somente isto nos pode por em harmonia com Deus.”¹ “A fé e o amor são áureos tesouros, elementos de que há grande carência entre o povo de Deus.”² “O ouro aqui recomendado como tendo sido provado no fogo, é fé e amor. Ele enriquece o coração; pois foi purgado até tornar-se puro, e quanto mais é provado, tanto mais intenso é seu brilho.”
2. Vestidos brancos - “Os vestidos brancos são a pureza de caráter, a justiça de Cristo comunicada ao pecador. É na verdade uma vestimenta de textura celeste, que só se pode comprar de Cristo por uma vida de voluntária obediência. “Pela veste nupcial da parábola é representado o caráter puro e imaculado que os verdadeiros seguidores de Cristo possuirão.Foi dado à igreja 'que se vestisse de linho fino, puro e resplandecente,' 'sem mácula nem ruga nem coisa semelhante.' O linho fino, diz a Escritura, 'é a justiça dos santos.' A justiça de Cristo, seu próprio caráter imaculado é, pela fé, comunicada a todos os que O aceitam como Salvador pessoal... “Ao nos sujeitarmos a Cristo, nosso coração se une ao Seu, nossa vontade imerge em Sua vontade, nosso espírito torna-se um com Seu espírito, nossos pensamentos serão levados cativos a Ele; vivemos Sua vida. Isto é o que significa estar trajado com as vestes de Sua justiça. Quando o Senhor nos contemplar, verá não o vestido de folhas de figueira, não a nudez e deformidade do pecado, mas Suas próprias vestes de justiça que são a obediência perfeita à lei de Jeová”  Ellen G. White, Testemunhos Seletos, vol.1, 329.
3. Unjas os teus olhos com colírio - “Deixem que a graça divina lhes ilumine as trevas, e as escamas lhes cairão dos olhos, e compreenderão sua verdadeira pobreza e miséria espiritual. Sentirão a necessidade de comprar ouro, que é a fé e o amor puros; vestidos brancos que é um caráter imaculado, purificado pelo sangue de seu querido Redentor; e colírio, a graça de Deus, a qual lhes dará claro discernimento das coisas espiritais, e indicará o pecado.” Ellen G. White, Testimonies for the Church, vol. 1, 186.O colírio espiritual oferecido por Jesus é o colírio do Espírito Santo que nos habilita a distinguir entre o mau e o bem, e perceber o pecado sob qualquer disfarce. Os laodiceanos vangloriam-se de um profundo conhecimento da verdade bíblica, uma profunda visão das Escrituras. Eles não são totalmente cegos, se assim fosse, o colírio não teria nenhum valor para lhes restaurar a visão. A maior necessidade do povo de Deus hoje é o batismo diário do Espírito Santo. É o Espírito Santo que convence do pecado, da verdadeira condição de pobreza espiritual em que a igreja se encontra. É o Espírito Santo que ilumina a mente, mostra a enfermidade, convence do pecado e dá o arrependimento. O objetivo da mensagem de Laodicéia é causar o arrependimento. Taylor G. Bunch, The Seven Epistles of Christ, 242, 243.
O objetivo da mensagem de Laodicéia não é causar desespero, desesperança, desânimo ou frustração; o objetivo não é também condenar, mas salvar. É uma mensagem de reprovação, mas o objetivo da repreensão é trazer a igreja ao lugar em que se arrependa e se salve. “Está destinada a despertar o povo de Deus, descobrir-lhe a apostasia, e levar a um zeloso arrependimento, para que possa ser agraciado com a presença de Jesus, e preparado para o alto clamor do terceiro anjo.” “A mensagem de Laodicéia apresenta um quadro bem negro da igreja da atualidade e seria desesperador, esmorecedor se não fosse o fato de que a reprovação fosse uma reprovação de amor. A mensagem de Laodicéia é uma mensagem que provém Daquele que muito ama a humanidade. Nela se faz uma grande diferença entre ser uma reprovação expressa em ira e amor, ter como objetivo ferir e destruir, ou sarar e restaurar. Aqueles que usam a mensagem de Laodicéia para acusar e desencorajar, estão fazendo um uso totalmente errado da mensagem. Jesus somente reprova e castiga os laodiceanos porque eles Lhe são muito caros.” Ellen G. White, O Desejado de Todas as Nações, 595, 596.
A igreja de Laodicéia possuía tudo, exceto a Jesus. Ele estava do lado de fora tentando entrar. Esta é uma condição realmente deplorável. Podemos possuir o melhor sistema organizacional do mundo, as melhores escolas e hospitais, o melhor e mais seguro corpo de doutrinas bíblicas, mas, se não possuirmos a Jesus, estaremos perdidos. A resposta ao convite de Jesus não é uma resposta da igreja como um todo, mas individual.
19 Eu repreendo e castigo a todos quantos amo: sê pois zeloso, e arrepende-te.
20 Eis que estou à porta e bato; se alguém ouvir a minha voz, e abrir a porta, entrarei em sua casa, e com ele cearei, e ele comigo.
“Cristo nunca força a Sua companhia junto de ninguém.Interessa-Se pelos que Dele necessitam. Com prazer penetra no mais modesto lar, e anima o mais humilde coração. Mas se os homens são demasiado indiferentes para pensar no Hóspede celestial, ou pedir-lhe que neles habite, Ele passa.”¹ “Vi que muitos têm tanto lixo acumulado à porta do coração, que não a podem abrir. Alguns têm desinteligências a remover entre eles e os irmãos. Outros têm mau gênio, ambição egoísta para afastar antes de poderem abrir a porta. Outros rolam o mundo para a porta do coração, o que a barra. Todo esse entulho deve ser removido, e então poderão abrir a porta e dar aí as boas vindas ao Salvador.”DTN595-596
21 Ao que vencer, eu lhe concederei que se assente comigo no meu trono.
22 Quem tem ouvidos, ouça o que o Espírito diz às igrejas.

terça-feira, 29 de novembro de 2016

CAPÍTULO 2

AS SETE CARTAS  PARA AS IGREJAS.
ÉFESO:

A Cidade Éfeso localiza-se na Lídia, na Costa Ocidental da Ásia Menor. Era um excelente porto, e era a porta de entrada da província romana da Ásia. Éfeso era a capital da Ásia Menor, com uma população estimada em 225.000 no segundo século a.C. Era a metrópole da idolatria. Ali estava o templo da deusa Diana (Atos 19), que levou duzentos anos para ser construído; uma das Sete Maravilhas do Mundo antigo. Esse templo foi
queimado pelos Godos em 262 d.C. A importância dessa cidade exigiu do ministério do apóstolo Paulo três anos de pregação (52 d.C.) para implantar uma igreja cristã. Diferente de outras cidades da Ásia Menor, de Éfeso, atualmente restam somente ruínas.
Por mais de três anos Éfeso foi o centro do trabalho de Paulo (Atos 19:1-41; 20:1, 16-38; I Cor. 16:8; Epístola aos Efésios). Uma florescente igreja foi estabelecida ali, e dessa cidade o evangelho espalhou-se por toda província da Ásia. A tradição indica que João, o discípulo amado, tornou-se o líder dessa igreja, provavelmente após a dissolução da sede cristã em
Jerusalém cerca de 68 d.C. No tempo em que João escreveu o Apocalipse, a igreja de Éfeso já era um dos importantes centros do cristianismo. A condição espiritual dessa igreja representa a condição espiritual da Igreja Cristã durante o período apostólico. Esse período pode ser, apropriadamente, chamado de a Era da Pureza Apostólica, um atributo altamente desejável
Aos olhos de Deus,  mas de desejável passou a se desviar do caminho,  esfriando seu primeiro amor pela couda do Mestre.
1 Ao anjo da igreja em Éfeso escreve: Isto diz aquele que tem na sua destra as sete estrelas, que anda no meio dos sete candeeiros de ouro: Éfeso significa “desejável” e representa muito bem a condição espiritual da igreja no período de 31 a 100 d.C.
2 Conheço as tuas obras, e o teu trabalho, e a tua perseverança; sei que não podes suportar os maus, e que puseste à prova os que se dizem apóstolos e não o são, e os achaste mentirosos; No final da era apostólica, já as primeiras heresias cristológicas começaram a surgir:
• Os Ebionitas negavam a divindade de Jesus. O líder deles era Cerinto (107 d.C.).
• Os Docetistas negavam a humanidade de Jesus. Eles ensinavam que Jesus tinha somente a aparência humana, mas não era humano. Esse grupo floresceu por volta do ano 70 até 170 d.C.
• Os Gnósticos negavam tanto a divindade como a
humanidade de Jesus. Negavam a realidade da
encarnação de Jesus, e promoviam a libertinagem. João combate fortemente o gnosticismo que começava a florescer no seio do cristianismo.
3 e tens perseverança e por amor do meu nome sofreste, e não desfaleceste “Os membros da igreja estavam unidos em sentimento e ação. O amor de Cristo era a corrente áurea que os vinculava entre si. Prosseguiam conhecendo o Senhor sempre e sempre com maior perfeição, e revelavam em sua vida alegria, conforto e paz. Visitavam as viúvas e os órfãos em suas tribulações e mantinham-se incontaminados do mundo.”. IIITS -55-56
4 Tenho, porém, contra ti que deixaste o teu primeiro amor. A Igreja Cristã no período de Éfeso sabia discernir entre a verdade e o êrro, e tomou um posição firme contra o erro.“Os membros da igreja estavam unidos em sentimento e ação. O amor de Cristo era a corrente áurea que os vinculava entre si. Prosseguiam conhecendo o Senhor sempre e sempre com maior perfeição, e revelavam em sua vida alegria, conforto e
paz. Visitavam as viúvas e os órfãos em suas tribulações e mantinham-se incontaminados do mundo.”IIITS55-56
“Deus escolheu nestes últimos dias um povo a quem fez
depositário de Sua lei; e êste povo terá sempre desagradáveis tarefas a executar. 'Eu sei as tuas obras, e o teu trabalho, e a tua paciência, e que não podes sofrer os maus; e puseste à prova os que dizem ser apóstolos e o não são, e tu os achaste mentirosos.
E sofreste, e tens paciência; e trabalhaste pelo Meu nome, e não te cansaste.' (Apoc. 2:2-3). Exigirá muita diligência, e contínua luta o manter o mal fora de nossas igrejas. É preciso haver rígido e imparcial exercício de disciplina; pois, alguns que têm uma
aparência de religião procurarão minar a fé de outros e, às ocultas, trabalharão para se exaltar a si mesmos.” IITS210 “Numa só geração foi o evangelho levado a toda nação debaixo do céu. Pouco a pouco, ocorreu, porém, uma mudança.A igreja perdeu seu primeiro amor. Ela tornou-se egoísta  da comodidade. Foi acalentado o espírito de mundanismo 8T26
5 Lembra-te, pois, donde caíste, e arrepende-te, e pratica as primeiras obras; e se não, brevemente virei a ti, e removerei do seu lugar o teu candeeiro, se não te arrependeres. A igreja era defeituosa e necessitava de severa reprovação e advertência; e João foi inspirado a registar mensagens de advertência e reprovação e a apelar aos que, tendo perdido de vista os princípios fundamentais do evangelho, estavam pondo em perigo sua esperança de salvação.”AA586-587
6 Tens, porém, isto, que aborreces as obras dos nicolaítas, as quais eu também aborreço. No dizer de Clemente de Alexandria, os nicolaítas mantinham o princípio pernicioso de que as paixões baixas devem ser permitidas. Viviam uma vida impura e imoral. Ellen
G. White pergunta: “É o nosso pecado o pecado dos nicolaítas, transformando a graça de Deus em licensiosidade?” Essa doutrina tem sido atualmente amplamente ensinada, de que o evangelho de Cristo tornou a lei de Deus sem nenhum efeito; que por crermos em Cristo estamos livres da necessidade de sermos praticantes da Palavra. Mas esta é a doutrina dos nicolaítas, a qual Cristo fortemente condenou. Ellen G. White, Review and Herald, 7 de Junho de 1887
7 Quem tem ouvidos, ouça o que o Espírito diz às igrejas. Ao que vencer, dar-lhe-ei a comer da árvore da vida, que está no paraíso de Deus. “O Jardim do Éden permaneceu sobre a Terra muito tempo depois que o homem fora expulso de suas deleitáveis veredas
(Gen. 4:16). Foi permitido à raça decaída por muito tempo contemplar o lar da inocência, estando a sua entrada vedada apenas pelos anjos vigilantes. À porta do Paraíso, guardada pelos querubins, revelava-se a glória divina. Para ali iam Adão e seus filhos a fim de adorarem a Deus. Ali renovaram seus votos
de obediência àquela lei cuja transgressão os havia banido do Éden. Quando a onda de iniquidade se propagou pelo mundo, e a impiedade dos homens determinou sua destruição por meio de um dilúvio de água, a mão que plantara o Éden o retirou da
Terra. Mas, na restauração final de todas as coisas, quando houver 'um novo céu e uma nova Terra,' será restabelecido, mais gloriosamente adornado do que no princípio.”    PP56

ESMIRNA


É uma das mais lindas cidades da Ásia Menor. O clima é
agradável e a vegetação abundante. Localiza-se a 52 km de Éfeso. O local onde Esmirna foi construída foi ecolhido porLisímaco, um dos quatro generais e sucessores de Alexandre, o Grande. Politicamente, Esmirna era uma cidade honrada, pois foi escolhida pelos romanos como sede em todas as guerras civis, e tornara-se um grande centro de adoração a César. Esmirna pediu permissão ao imperador Tibério para construir um templo em honra a sua divindade ( c. 26 d.C.). A permissão foi
dada, e eles construiram o segundo templo ao imperador na Ásia. A cidade já adorava Roma como um poder espiritual desde 195 a.C., e tinha orgulho por liderar o culto a César.
Historicamente, o período de Esmirna representa a história da Igreja Cristã que vai do ano 100 até 313 d.C., ano em que o imperador Constantino decretou liberdade religiosa para todos, favorecendo assim os cristãos (Edito de Milão 313 d.C.).

8 Ao anjo da igreja em Esmirna escreve: Isto diz o primeiro e o último, que foi morto e reviveu: O nome Esmirna vem de uma goma aromática derivada de uma árvore Árabe, Balsamodendron myrrha. Essa goma era usada para embalsamar os mortos, e também como um ungüento ou pomada medicinal; esse ungüento também era usado para ser queimado como incenso. Esmirna é sinônimo de sofrimento; vem da palavra mirra. A igreja de Esmirna era composta por pessoas economicamente pobres, porém ricas para com Deus. Sofreu contínuas perseguições, mais do que qualquer outra igreja da Ásia. O mais famoso dos mártires de Esmirna, foi Policarpo, um discípulo de João e bispo da igreja de
Esmirna, que serviu a Jesus por 86 anos. Ele foi queimado vivo (c. 155 d.C.). A morte dele e de outros mártires produziu uma grande colheita de almas para o reino de Deus nas décadas e séculos que se seguiram. A comunidade cristã de Esmirna tornou-se um dos mais fortes centros do cristianismo naquela região, e foi a última cidade da Ásia Menor a ser conquistada
pelo islamismo. Até hoje Esmirna é chamada pelos Turcos de a “Cidade Infiel.” 1 J. R. Dummelow, A Commentary on the Holy Bible ( New York: The Macmillan Company, 1950), 1074.
 9 Conheço a tua tribulação e a tua pobreza (mas tu és rico), e a blasfêmia dos que dizem ser judeus, e não o são, porém são sinagoga de Satanás.
10 Não temas o que hás de padecer. Eis que o Diabo está para lançar alguns de vós na prisão, para que sejais provados; e tereis uma tribulação de dez dias. Sê fiel até a morte, e dar-te-ei a coroa da vida. Historicamente, o período representado por Esmirna pode ser, apropriadamente, chamado de a Era dos Mártires. Intermitentes perseguições imperiais caracterizaram esse período, até a emissão do Edito de Milão em 313: “Durante o segundo e terceiro séculos os imperadores romanos procuraram apagar a igreja mendiante perseguição. Eles temiam o cristianismo porque este estava penetrando o pensamento popular. Consideravam-no como um rival. Certo número de perseguições dez ao todo foram instigadas, mas a de
Deocleciano foi a pior. Esta durou dez anos, de 303 313 A.D., ou até a subida de Constantino ao trono.” Roy Allan Anderson, O Apocalipse Revelado, 31-32
Por dez anos (303 -313) os cristãos foram caçados nas cavernas e nas florestas. O misérrimo edito de Nicomédia em 23/02/303 provocou uma verdadeira chacina. Toda sorte de torturas foram empregadas.
Os cristãos foram queimados, lançados às feras, e torturados. Nenhum cristão era afogado ou apunhalado senão depois de ter passado pelas torturas mais atrozes. Este foi um esforço sistemático, resoluto e determinado para abolir da face da Terra o nome cristão.SDBC763
11 Quem tem ouvidos, ouça o que o Espírito diz às igrejas. O que vencer, de modo algum sofrerá o dado da segunda morte. “Satanás é a raiz, seus filhos os ramos. Estão agora consumidos, raiz e ramos. Morreram morte eterna. Jamais deverão ter ressurreição, e Deus terá um universo puro. Olhei então e vi o fogo que tinha consumido os ímpios, queimando o resíduo e purificando a Terra. Olhei de novo, e vi a Terra purificada. Não havia um único indício da maldição. A
superfície quebrada e desigual da Terra agora parecia como uma planície nivelada e extensa. Todo o universo de Deus estava puro, e o grande conflito para sempre finalizado.”PE295

PERGAMO


Pérgamo estava situada num grande vale, e era uma das cidades famosas da Ásia Menor. O palácio, os templos, os teatros, e outros prédios públicos foram construídos no topo de uma alta colina, uma inexpugnável acrópole, cerca de trezentos metros acima do vale.  John MacRay, Archaeology and the New Testament, 72-73.
Pérgamo tem um significado duplo. No plural, “Pérgamos” é usado como sendo “cidadela,” ou “fortaleza,” mas, etmologicamente, o vocábulo constitui-se da preposição per (que tem o significado de “por entre'', “por intermédio”, “em nome de”) e gamos (pospositivo, do grego gamós que significa “união”, “casamento”). Isto foi exatamente o que aconteceu no período de Pérgamo, o casamento da Igreja Cristã com o mundo.² A era da amalgamação. Quando o Cristianismo casouse com o mundo, deu origem à Grande Babilônia, a “cidadela” do Vaticano. O período de Pérgamo, 313 538 d.C. começou com o imperador Constantino abraçando a causa da igreja, e
decretando tolerância religiosa para com todos os cristãos. Esse é o período conhecido como a era da “institucionalização da igreja e do clero;” a igreja se estabeleceu não sobre a Rocha Eterna, Jesus, contra Quem as portas do inferno não prevaleceriam, mas antes, sob o favor e proteção do estado. As igrejas cristãs, até então, não tinham templos, estes
começaram a ser construídos, especialmente nos locais
sagrados, no reinado de Constantino, o primeiro imperador romano a adotar o cristianismo como religião oficial.

12 Ao anjo da igreja em Pérgamo escreve: Isto diz aquele que tem a espada aguda de dois gumes: A igreja de Pérgamo era bem diferente da igreja de Esmirna.Enquanto na carta anterior de Esmirna não existemrepreensões, a igreja de Pérgamo apresenta muitas.
13 Sei onde habitas, que é onde está o trono de Satanás; mas reténs o meu nome e não negaste a minha fé, mesmo nos dias de Antipas, minha fiel testemunha, o qual foi morto entre vós, onde Satanás habita. Ali estava o próprio “trono de Satanás,” o quartel general dos balaamitas e dos nicolaítas, dentro da igreja. A Igreja Cristã de Pérgamo, embora também tenha presenciado o martírio de Antipas, era ao mesmo tempo tolerante com o erro.
Trono de Satanás, é uma expressão que tem aplicação dupla, aplica-se à igreja que se tornou a fortaleza dos balaamitas e nicolaítas, e aplica-se também à cidade que era a capital mundial do culto ao deus sol. Ali estava o centro do mistério das religiões orientais transferido, no começo do Império Medo-Persa, da Mesopotâmia, Babilônia, para Pérgamo, que possuía muitos templos pagãos,(7SDBC 749) inclusive o templo de Esculápio, onde a própria Serpente, nome bíblico de Satanás, era adorada. Átalo III não somente transferiu seu poder civil à Roma, mas também todo o sistema religioso babilônico. O centro do culto a Satanás, iniciado na antiga Babilônia, foi transferido para Pérgamo, e posteriormente para Roma. “Em 487 a.C. os babilônios vencidos fugiram para a Ásia Menor, e fixaram seu colégio central em Pérgamo, para onde levaram o paládio de Babilônia. Ali independentes do controle estatal, eles conservaram os ritos de sua religião, e tramaram contra a paz do Império Persa, instigando os gregos neste sentido.” Edwin R. Thiele: Esboços de Estudos, Vol1, 50
Visto que o período representado por Pérgamo foi o do desenvolvimento do papado (313 a 538 d.C.), pode-se entender a expressão “trono de Satanás” como sendo principalmente uma referência ao centro da adoração papal: Roma. Historicamente, a igreja de Pérgamo representa o período do cristianismo de 313 a 538 d.C., período em que a Igreja Cristã deixou de ser perseguida e tornou-se a igreja imperial, esta é conhecida como a Era da Popularidade, e do compromisso. Aquilo que Satanás não conseguiu com a perseguição no período de Esmirna, ele conseguiu, com muito sucesso, com a “exaltação” do cristianismo, tirando os cristãos das catacumbas e elevando-os à posição de Igreja do Estado, a menina dos olhos do imperador Constantino, cuja conversão foi, oficialmente anunciada, em 323 d.C.. “Quase imperceptivelmente os costumes do paganismo tiveram ingresso na Igreja Cristã. O espírito de transigência e conformidade fora restringido durante algum tempo pelas terríveis perseguições que a igreja suportou sob o paganismo. Mas, em cessando a perseguição e entrando o cristianismo nas cortes e palácios dos reis, pôs ela de lado a humilde simplicidade de Cristo e Seus apóstolos, em troca da pompa e orgulho dos sacerdotes e governadores pagãos; e em lugar das ordenanças de Deus colocou teorias e tradições humanas. A conversão nominal de Constantino, na primeira parte do século quarto, causou grande regozijo; e o mundo, sob o manto de justiça aparente, introduziu-se na Igreja.”GC 47-48
Quando Constantino assumiu o poder de Roma (311 d.C.), o Império Romano encontrava-se em estado avançado de desintegração. Bárbaros do norte importunavam e enfraqueciam o império. O exército estava desorganizado; a economia encontrava-se em estado precário.
14 entretanto, algumas coisas tenho contra ti; porque tens aí os que seguem a doutrina de Balaão, o qual ensinava Balaque a lançar tropeços diante dos filhos de Israel, introduzindo-os a comerem das coisas sacrificadas a ídolos e a se prostituírem. A mesma classe herética que apareceu em Éfeso, é também mencionada em Pérgamo, porém, com uma diferença, em Éfeso os pastores e líderes, como um corpo, permaneceram firmes contra os falsos ensinadores, mas em Pérgamo, os pastores toleraram os balaamitas (Balaão significa “destruição do povo”) e os nicolaítas (Nicolau significa
“governar o povo)”. A doutrina balaamita patrocinou o casamento da igreja com o mundo, fazendo com que a igreja se prostituisse e comesse dos sacrifícios da idolatria (Apoc. 2:14), tal como Balaão fez com o povo de Israel. A doutrina nicolaíta instituiu as cerimônias e pompa pagãs e judaicas na igreja, misturando-as com os ritos cristãos.
15 Assim tens também alguns que de igual modo seguem a doutrina dos nicolaítas. O sistema sacerdotal do Antigo Testamento, válido e aprovado por Deus na Velha Aliança, com base no santuário terrestre, tornouse uma arma poderosa de Satanás para corromper a igreja na Nova Aliança, cujo base é o Santuário do Céu. Contrariando a Palavra de Deus que afirma que na Nova Aliança, não existe um sistema sacerdotal terrestre, mas unicamente o sacerdócio de Jesus no Santuário do Céu (I Tim. 2:5; Heb. 4:14-16; 8:1-2, 13; 9:11-12), a doutrina nicolaíta instituiu o clero e a sucessão apostólica; uma mistura de paganismo e judaísmo. Os judaizantes de Apoc. 2:9 e os nicolaítas tinham o mesmo objetivo: implantar um sistema sacerdotal terrestre; destruir o conceito do sacerdócio único e superior de Jesus no Santuário do Céu. Estes são chamados por Deus de “a sinagoga de Satanás” (Apoc. 2:9).
16 Arrepende-te, pois; ou se não, virei a ti em breve, e contra eles batalharei com a espada da minha boca.
17 Quem tem ouvidos, ouça o que o Espírito diz às igrejas. Ao que vencer darei do maná escondido, e lhe darei uma pedra branca, e na pedra um novo nome escrito, o qual ninguém conhece senão aquele que o recebe. A pedra branca também era usada na antiguidade para se obter hospitalidade, assim como hoje nós usamos cartões de crédito. Tornou-se um costume bem estabelecido entre os gregos e romanos, prover os hóspedes com alguma marca especial, transmitida de pai para filho, a qual assegurava
hospitalidade e bom tratamento sempre que apresentada. Essa marca era geralmente uma pequena pedra branca cortada ao meio. Sobre cada uma das metades o hóspede e o anfitrião mutuamente escreviam os nomes, intercambiando-as a seguir.
Esta pequena pedra branca era suficiente para garantir amizade para ele e seus descendentes quando quer que viajassem pelo mesmo roteiro. É evidente que tais pedras eram conservadas cuidadosamente. Quão natural, pois, é esta alusão ao antigo costume: “Dar-lhe-ei do maná escondido,” e tendo feito isso, tendo-o tornado participante de minha hospitalidade, tendo-o
reconhecido como meu hóspede e meu amigo, presenteá-lo-ei com “uma pedra branca e sobre essa pedra escrito um novo nome, o qual ninguém conhece, exceto aquele que o recebe.”
Na Bíblia o nome de uma pessoa reflete o seu caráter, e um novo nome indica, um novo caráter, semelhante ao caráter de Jesus.
O maná foi o alimento dado ao povo de Israel no deserto; o salmista chama o maná de o pão dos anjos” (Salmos 78:25). O maná escondido é provavelmente uma referência ao maná posto num vaso de ouro
e conservado na Arca do Concerto (Heb. 9:4). Aos vencedores não é prometido, meramente, uma nova queda de maná, mas sim, que eles comerão do maná que está no vaso de ouro oculto debaixo do Shequiná, isto é, diretamente da presença de Deus. O maná é um tipo de Jesus; o maná é sempre uma referência direta a Jesus. “O maná, caindo do céu para o sustento de Israel, era um símbolo de Jesus que veio de Deus para
dar vida ao mundo. Disse Jesus, 'Eu sou o Pão da vida.”  Ellen G. White, Testimonies for the Church, vol. 6, 132

TIATIRA

A cidade Tiatira era uma cidade na Lídia, perto das fronteiras da Mísia, 42 km a sudeste de Pérgamo. Tiatira não tem uma história bem conhecida; raramente ela é mencionada pelos escritores antigos. “A história de Tiatira é um espaço em
branco.” W. M. Ramsay, Lição da Escola Sabatina, 2o trimestre, 1974, 21.Era considerada uma cidade santa, centro da adoração ao deus sol, Tirinos, geralmente representado como um deus metade homem e metade cavalo. Por volta do século III a.C. a
cidade entrou em decadência, e foi fundada novamente por Seleuco Nicator e colonizada pelos gregos (305-281 a.C.)Daquele tempo em diante Tiatira permaneceu sendo uma das menores cidades gregas. Embora tenha se tornado o centro comercial do Vale Lycus, ela nunca se tornou uma metrópole como Éfeso, Esmirna ou Pérgamo. Seventh Day Adventist Bible Commentary, vol. 7, 96. Tiatira destacou-se pelas corporações comerciais, entre elas, a corporação dos tingidores
de púrpura. O que distinguiu os habitantes de Tiatira foi a arte em tingir púrpura. Lídia, que foi convertida pelo apóstolo Paulo, era vendedora de púrpura de Tiatira ( Atos 16:14).

18 Ao anjo da igreja em Tiatira escreve: Isto diz o Filho de Deus, que tem os olhos como chama de fogo, e os pés semelhantes a latão reluzente: Tiatira significa “Sacrifício de Contrição.” A profecia introduz clara e objetivamente a fase da Supremacia Papal.
19 Conheço as tuas obras, e o teu amor, e a tua fé, e o teu serviço, e a tua perseverança, e sei que as tuas últimas obras são mais numerosas que as primeiras.
Tiatira experimentou, por um lado, muito escuridão, muita apostasia; mas, por outro lado, também vivenciou muita luz, e embora alí se tenham registrado alguns dos fatos mais infames já executados em nome da religião, também se presenciaram alguns dos maiores feitos de homens cheios do amor e do Espírito de Deus. Foram os dias dos Cavaleiros do Templo, dos monges mendicantes e de Hildebrando (mais tarde Gregório VII), mas foram também os dias dos Valdenses e dos Albigenses, de Wycliffe e Huss, Jerônimo e Lutero. Nunca houve tanto para ser louvado; nunca tanto para ser condenado. Deus viu o serviço de amor e o paciente sofrimento dos Seus filhos nesse período e expressou a Tiatira palavras de louvor e elogio, detacando-a como a única igreja em que Jesus observou progresso nas obras dos crentes.
20 Mas tenho contra ti que toleras a mulher Jezabel, que se diz profetisa; ela ensina e seduz os meus servos a se prostituírem e a comerem das coisas sacrificadas a ídolos; Os símbolos aqui não poderiam ser mais apropriados. Quem era Jezabel? Literalmente, Jezabel era “filha de Etbaal, rei dos Sidônios” (I Reis 16:31), e sumo sacerdote de Baal. Acabe, rei de Israel, era fraco em capacidade e em moral, e sua união por casamento com uma mulher idólatra resultou em desastre para o
povo de Israel. Jezabel, portanto, veio da casa de Baal para a casa de Deus. Pagã de coração, tornou-se rainha do povo de Israel. Como rainha fez todos os esforços para seduzir os adoradores de Deus e estabelecer o culto a Baal. Em toda a história não há outro caráter que represente tão cabalmente o sistema papal, seu caráter, obras e culto, como a impura mulher de Acabe, Jezabel. Jezabel era uma pagã casada com um judeu. E tal é o caráter do sistema papal nos seus
principais elementos:
1. paganismo unido a um Judaísmo obsoleto;
2. Jezabel é descrita como mulher que se diz profetiza e como encarregada de ser mestre dos servos de Deus;
3. o papado professa e pretende ser o único mestre infalível do céu a ensinar a verdade de Deus;
4. Jezabel é descrita como tendo um conjunto de obras enfaticamente chamado “suas obras” para distinguir de outras que são chamadas “obras de Cristo”;
5. o papado é um sistema de obras, uma religião de cerimônias, penitências, jejuns, missas, rezas, vigílias, abnegações, macerações do corpo, purgatório, superprivilégios e santidade meritória dos santos, pelas quais ela se propõe salvar os seus devotos;
6. Jezabel era uma adúltera;
7. o papado, acima de tudo, tem-se caracterizado por sua relações com os reis e potestades da terra, fazendo o  lhes agrada para conservá-los sob sua direção e ensinar o povo de Deus a submeter-se e aceitar as formalidades mundanas como meios de se obter a vitória cristã;
8. Jezabel foi uma perseguidora e matadora dos profetas e das testemunhas de Deus;
9. E o que mais distingue o papado é a severidade mostrada contra aqueles que se levantaram contra suas ímpias pretensões. O que mais distingue o papado são as torturas públicas e secretas, e matança dos santos que queriam seguir a Bíblia. J. A. Seiss, The Apocalypse, vol. 1, 194, 195.

É importante lembrar que a igreja mencionada na carta de Tiatira ainda é a Igreja de Deus, porém, não Jezabel, ela não é de Deus. A importância dos 1260 anos de perseguição aos “santos do Altíssimo” (Dan. 7:25; Apoc. 12:6) sugere que o ano 1798 poderia ser muito bem escolhido como sendo o final do períodode Tiatira, mas, em vista da importância da ReformaProtestante em quebrar o domínio papal, a data 1517 seria mais própria para situar o final do período de Tiatira. W. M. Ramsay, Lição da Escola Sabatina, 2o trimestre, 1974, 21.
21 e dei-lhe tempo para que se arrependesse; e ela não quer arrepender-se da sua prostituição.
22 Eis que a lanço num leito de dores, e numa grande tribulação os que cometem adultério com ela, se não se arrependerem das obras dela;
23 e ferirei de morte a seus filhos, e todas as igrejas saberão que eu sou aquele que esquadrinha os rins e os corações; e darei a cada um de vós segundo as suas obras.
24 Digo-vos, porém, a vós os demais que estão em Tiatira, a todos quantos não têm esta doutrina, e não conhecem as chamadas profundezas de Satanás, que outra carga vos não porei; “Em terras que ficavam além da jurisdição de Roma, existiram por muitos séculos corporações de cristãos que permaneceram quase inteiramente livres da corrupção papal. Estavam rodeados de pagãos e, no transcorrer dos séculos,
foram afetados por seus erros; mas continuaram a considerar a Escritura Sagrada como a única regra de fé, aceitando muitas de suas verdades. Estes cristãos acreditavam na perpetuidade da Lei de Deus e observavam o sábado do quarto mandamento. Igrejas que se mantinham nesta fé e prática, existiram na África Central e entre os Armênios, na Ásia.” Ellen G. White, O Grande Conflito, 61.
25 mas o que tendes, retende-o até que eu venha.
26 Ao que vencer, e ao que guardar as minhas obras até o fim, eu lhe darei autoridade sobre as nações,
27 e com vara de ferro as regerá, quebrando-as do modo como são quebrados os vasos do oleiro, assim como eu recebi autoridade de meu Pai;
28 também lhe darei a estrela da manhã.
A promessa final é que todos os santos receberão a “estrela
da manhã,” esse é o próprio Jesus: “Eu, Jesus, enviei o meu anjo para vos testificar estas coisas nas igrejas: Eu sou a raiz e a geração de Davi, a resplandecente estrela da manhã” (Apoc. 22:16).

29 Quem tem ouvidos, ouça o que o Espírito dia às igrejas.